quarta-feira, 28 de abril de 2010

SONETO LXV DE SHAKESPEARE




Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar
Pode sobreviver a formosura
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte asédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que m]ão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor!...
















ONDE ESTÁS FELICIDADE?

ONDE ESTÁS FELICIDADE?


Onde te econtrarei felicidade?
Será no desabrochar de uma rosa,
No canto dos pássaros pela manhã
No sorriso das crianças
No céu brilhante de estrelas
Ou nos raios prateados do luar?
Em que ponto deste mundo poderei te achar?
Nas lembranças sentidas de um
passado explendoroso,
Onde a vida toda sorria para mim?
O passado foi lindo , mas não volta.
E hoje felicidade, onde posso te buscar.
Dizem que estás dentro de mim...
Mas como? Se estou ôca, vazia!!
Quero te sentir agora, hoje, neste instante
Te busco na imensidão do azul do mar
Cruzo a linha do horizonte e ali tudo termina
Não paro com meu olhar
Procuro tanto por ti, quero ser feliz
Acho que chegas junto com o amor
O que será que houve comigo
Será que não posso te achar
Porque eu mesma
Já não sei amis amar?

Autora: NAJA

LÁGRIMAS OCULTAS



LAGRIMAS OCULTAS
DE FLORBELA ESPANCA


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida.


E a minh triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!


E fico pensativa, olhando o vago..
Toma a brancura plácida dum lado
O meu rosto de monja de marfim....

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!...



terça-feira, 27 de abril de 2010

RETRATO de Cecíia Meireles

RETRATO


"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo
Eu não tinha estas mãos sem força
tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança
tão simples, tão certa, tão fácil;
Em que espelho ficou perdida a minha face?"

Poesia de Cecília Meireles
DESPERTAR É PRECISO


Na primeira noite eles aproximam-se
E colhem uma flor do nosso jardim
E não dizemos nada
Na segunda noite
Já não se escondem
pisam as flores, matam o nosso cão,
e não dizemos nada.Até que um dia
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua e,
conhecendo o nosso medo
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada
Já não podemos dizer nada.

Vladimir maiakovsky